Desde a década de 70 a questão ambiental vem sendo discutida em todo o mundo; a princípio no âmbito individual em sociedades desenvolvidas, depois para organizações sociais e escolas, onde surgiram ideias de preservação do planeta e seus recursos naturais, com a preocupação em atender a demanda de futuras gerações.
Em 1972 foi instituída a Conferência de Estocolmo – Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento, com a criação de um tratado internacional, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC), que visa estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa – GEE na atmosfera, resultantes das ações humanas; na tentativa de chegar a uma solução comum e métodos para o desenvolvimento mundial de forma sustentável, surgindo assim o conceito de Desenvolvimento Sustentável.
A partir de Estocolmo surgiram muitos encontros com o objetivo de criar princípios para educação ambiental, como o Rio 92 (Brasil – 1992) e Rio + 20 (Brasil – 2012).
Foi neste mesmo período que os australianos Bill Mollison e David Holmgren fundaram os princípios da Permacultura, a qual demonstra ser possível a implementação de ecossistemas artificiais abundantemente produtivos, e que, ao mesmo tempo, sejam tão diversos, estáveis e resistentes, quanto os sistemas naturais; 1981 lançaram o manual “Introdução à Permacultura”, o qual apresenta soluções sustentáveis para os mais diversos tipos de ambientes, mostrando como é possível aproveitar os recursos naturais sem interferir em sua manutenção.
Surgiram também os primeiros Conselhos para desenvolvimento de conceitos na Construção Sustentável e a Avaliação Ambiental para Edifícios em países do 1º Mundo, visando o incentivo na criação de edificações com desempenho na conduta ambiental. O primeiro selo ambiental para edifícios foi criado em 1990 na Inglaterra, a Certificação BREEAM, pelo BRE – Building Reserch Establishment, organização privada que realizam pesquisas, consultorias e testes; além da elaboração de normas nacionais e internacionais para a área da construção civil; muito utilizada na Europa.
Os métodos mais difundidos e aplicados no Brasil desde 2007 são: a Certificação LEED – Leardership in Energy and Environmental Design, criada em 2000 nos EUA pelo USGreen Building Council – GBC (Conselho de Construção Sustentável e o AQUA – Alta Qualidade Ambiental, adaptada da Certificação Francesa HQE – Haute Qualité Environment, através da parceria com a Fundação Vanzolini.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente a Construção Civil é uma das grandes responsáveis no impacto negativo sobre o cenário vivenciado da escassez dos recursos naturais do planeta, o que irá impactar diretamente as futuras gerações.
Ela responde pelo consumo de 75% dos recursos naturais do planeta, 40% do consumo de energia e 16% do consumo de água gasta no mundo; além de gerar mais de 50% dos resíduos sólidos e 5% de todo o CO2 produzidos pelas atividades humanas sejam destinados à construção e funcionamento das edificações.
No Brasil iniciou-se em 1991 com a constituição do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat), este constitui um instrumento do Governo Federal, criado com a finalidade de cumprir os compromissos firmados pelo Brasil para a assinatura da Carta de Istambul para a Conferência do Habitat II/1996.
É um caminho imprescindível que a Construção Civil tome consciência de sua importância na participação do Conceito de Desenvolvimento Sustentável, a adoção de práticas que transformem nossa presença em um determinado sítio o mais sustentável possível é a única saída para determos a degradação ambiental, escassez de recursos e alterações climáticas que já vivenciamos durante os últimos anos.
A adequação da Arquitetura à demanda de uma Construção Sustentável tornou-se cada vez mais uma realidade, seja como: formadora de opinião na especificação de produtos, contratação de fornecedores comprometidos, no desenvolvimento de metodologias e práticas sustentáveis nos canteiros de obras, manejo de resíduos e consumo de recursos naturais de forma consciente; formando assim o conceito de Construções Sustentáveis às Obras Civis.
O conceito de sustentabilidade tem sido discutido e estudado ao longo das últimas décadas; com compromissos firmados por líderes mundiais, instituições governamentais e ONG’s, em Conferências e Congressos pelo mundo todo, no entanto nota-se que ainda é um assunto novo quando se trata em aplica-lo na prática.
Apesar de notar que na área da Construção Civil este empenho tem sido grande, seja devido à valorização de empreendimentos, redução de custos em canteiros de obras ou na manutenção do edifício e até mesmo para a aquisição de valor adquirido para a imagem da Empresa; ainda encontramos grande número de edificações sem conforto térmico e acústico, levando ao elevado consumo de energia elétrica, o desperdício de materiais nas obras convencionais e a degradação de áreas ambientais com o despejo de resíduos, entre outros.
Esta prática ainda é vista como exceção pelos empreendedores que justificam necessitar grande esforço e investimento para mudar a cultura de seus colaboradores, custos na implantação do sistema e sua adaptação às práticas sustentáveis, as quais promovem retorno a longo prazo.
Porém isto não impede que venham participar, pois os processos para se alcançar a sustentabilidade não devem ser isolados dentro das instituições através de grande investimentos e sim abrangendo vários setores da sociedade, através de ações de educação ambiental e programas sociais, aplicação de pequenas práticas diárias no comportamento consciente; educando e permitindo que todos os envolvidos tenham conhecimento da importância e abrangência de suas atitudes na busca pela sustentabilidade como um todo.
O escritório participou de vivências de bioconstrução junto à Morada sustentável e posteriormente da formação no MBA em Construções Sustentáveis, onde com toda a experiência compartilhada pudemos notar o quanto é abrangente e diversificada o campo de atuação do Desenvolvimento Sustentável apenas na área da Construção Civil, o que nos demonstra que a sua aplicação é muito mais voltada à vontade na mudança de conceitos, para que possibilite respectivamente a busca por incentivos governamentais e privados necessários para sua consolidação.
“O processo de atender às necessidades das pessoas de maneiras mais sustentáveis requer uma revolução cultural.” Bill Mollison